O ceratocone é uma doença oftalmológica progressiva que afeta a córnea, a parte transparente do olho. Ela ocorre quando as fibras de colágeno que mantêm a estrutura da córnea se enfraquecem, resultando em afinamento e deformação da córnea, que adquire um formato cônico em vez do formato esférico normal. A causa exata do ceratocone ainda não é completamente compreendida, mas fatores como predisposição genética, histórico familiar e alergias oculares estão associados ao seu desenvolvimento.
A doença pode comprometer seriamente a visão de ambos os olhos, prejudicando atividades cotidianas como ler, dirigir e realizar tarefas domésticas.
Diagnóstico
O diagnóstico do ceratocone é realizado por um oftalmologista, que utiliza exames de imagem avançados, como topografia e tomografia corneana. Em muitos casos, a doença afeta os olhos de forma assimétrica, sendo mais comum que comece em um olho e, posteriormente, se manifeste no outro.
Fatores de Risco
Vários fatores podem aumentar o risco de desenvolver ceratocone, incluindo: histórico familiar da doença, esfregar os olhos com frequência, predisposição genética, doenças sistêmicas como Síndrome de Down, alergias oculares e uso prolongado de lentes de contato rígidas mal adaptadas. Estudos indicam que aproximadamente 50% dos membros de uma mesma família podem apresentar a doença, embora o ceratocone também possa ocorrer sem histórico familiar.
Sintomas
Nos estágios iniciais, os sintomas do ceratocone podem ser semelhantes aos de um simples erro refrativo, como miopia ou astigmatismo, levando à necessidade de óculos. Conforme a doença avança, a visão se deteriora, tornando-se embaçada e distorcida. A visão noturna costuma ser a mais afetada. Outros sintomas incluem sensibilidade à luz (fotofobia), cansaço visual, coceira nos olhos e a presença de halos ao redor das luzes. A dor geralmente não está presente.
Tratamentos Tradicionais
Historicamente, o tratamento para ceratocone se limitava ao uso de lentes de contato, que ajudavam a corrigir a visão, mas não impediam a progressão da doença. Em alguns casos, eram utilizados implantes de anéis intraestromais, como o anel de Ferrara, que ajudam a corrigir erros refrativos, mas têm pouco impacto sobre a progressão da doença.
Nos casos mais avançados, o transplante de córnea era e ainda é a opção cirúrgica. Embora as técnicas mais modernas, como os transplantes lamelares, tenham melhorado os resultados, a recuperação visual pode ser demorada, e muitos pacientes ainda precisam de óculos ou lentes de contato após a cirurgia.
Crosslinking do Colágeno
Um dos avanços mais significativos no tratamento do ceratocone foi o desenvolvimento do crosslinking do colágeno corneano. Esse procedimento utiliza raios ultravioleta A (UVA) e riboflavina (vitamina B2) para fortalecer as fibras de colágeno da córnea, aumentando sua resistência em até 300%. O crosslinking tem se mostrado eficaz em retardar ou até interromper a progressão do ceratocone, reduzindo a necessidade de transplante de córnea.
O procedimento é realizado de forma ambulatorial, sem necessidade de internação, e, em muitos casos, apenas um tratamento por olho é suficiente para estabilizar a doença. Após o crosslinking, o paciente pode continuar precisando de óculos ou lentes de contato para obter uma boa visão, e o tratamento pode ser combinado com o implante de anel corneano intraestromal, dependendo da gravidade do ceratocone.
O crosslinking corneal oferece vários benefícios significativos no tratamento do ceratocone. O principal deles é a estabilização da córnea, que pode interromper a progressão da doença e melhorar a qualidade da visão. Muitos pacientes relatam uma diminuição notável dos sintomas e uma melhora substancial na visão após o procedimento. Além disso, ao estabilizar a córnea, o crosslinking pode reduzir a necessidade de intervenções mais invasivas, como transplantes de córnea, o que é uma grande vantagem para os pacientes.
No entanto, como qualquer procedimento cirúrgico, o crosslinking corneal tem alguns riscos, embora sejam bastante raros. É possível experimentar dor temporária, sensibilidade à luz e dificuldades na cicatrização da córnea. Complicações graves, como infecções, são muito incomuns, especialmente quando o procedimento é realizado por um cirurgião experiente. Esses riscos são geralmente bem controlados com cuidados pós-operatórios adequados e acompanhamento médico contínuo.
O pós-operatório do crosslinking corneal é geralmente tranquilo, com a maioria dos pacientes experimentando uma recuperação rápida. É comum sentir um desconforto leve a moderado nos primeiros dias, que pode ser aliviado com colírios prescritos e analgésicos. É fundamental seguir as orientações médicas, incluindo o uso de colírios para promover a cicatrização e evitar a exposição a luzes intensas e ambientes poeirentos.
A visão pode levar várias semanas para estabilizar completamente, e o acompanhamento regular com o oftalmologista é crucial para monitorar a recuperação e ajustar qualquer tratamento adicional necessário.
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